Sunday, September 2, 2007


acabadinhas de revelar... e cá vem uma, sei muito tempo depois...

Tuesday, July 10, 2007

parte 1

Quarto de Costura
Numa casa senhorial barroca no centro de Braga instala-se o Museu dos Biscainhos, museu de artes decorativas, eu diria uma casa museu, no entanto nada do seu recheio pertenceu à casa, ou melhor, à família que sempre aí habitou, ao seu último proprietário, o 3º Visconde de Paço de Nespereira que vendeu o imóvel nos anos 70. Contudo apresenta-se ali a ficção da vivência da sociedade nobre portuguesa.
Uma das salas está disposta de forma a apresentar um espaço vivido por mulheres e espelhando uma das pinturas da sala, instalou-se um estrado no centro, coberto com tapetes e almofadões, onde dificilmente imagino, se sentariam as mulheres para ler e dedicarem-se aos ditos lavores femininos, receberem as visitas e conversarem.

Numa outra ala da casa, replico a sala das mulheres, num quarto a que dão o nome de sala das abelhas por apresentar as paredes decoradas com este animal. De inicio é bastante inquietante, até porque me parecem moscardos e não abelhas, mas com o tempo habituamos-nos às cores e ao enxame.
Estrado e almofadões não poderiam faltar, mas actualizados com os padrões de hoje, os meus claro. Chá e línguas-de-gato são oferecidos ao que escolhem visitar-me e sentar-se para uma possível sessão de corte e costura. Havia um PC portátil com acesso à Internet, caso quiséssemos ver alguma coisa online; um Ipod ligado a colunas altifalantes, porque é bom ter música na sala; uma pequena selecção de livros importantes para mim neste contexto, The City of Ladies de Christine de Pizan, Caras Baratas_antologia de Adília Lopes, Scum Manifesto de Valerie Solanas, Embroideries de Marjane Satrapi e Dicionário da Crítica Feminista de Ana Gabriela Macedo e Ana Luísa Amaral; um conjunto de agulhas de tricotar e um conjunto de agulhas de fazer meia, porque se nada houvesse para fazer poderia ficar a pensar na morte da bezerra sem que ninguém desse por nada, porque para todos os efeitos estaria a tricotar, mas na realidade já não tricoto nada de útil há muito tempo, faço e desfaço, em algodão branco.

Recentemente o mundo tem visto crescer o movimento de mulheres que tricotam juntas, internacionalmente chamam a estes encontros: Stitch’n’Bitch, ou seja, corte e costura, aquilo que dizem que fazem as mulheres quando se encontram--falam da vida alheia. Mas acho que essencialmente falam da vida, partilham experiências, ouvem; o tricot é apenas pretexto.

Assim propus-me a habitar a casa museu dos Biscainhos, criando um espaço onde as pessoas pudessem conversar. Trazendo a minha possível sala de estar para o contexto do Museu. Assim fizeram os artistas da estética apelidada por Bourriaud de Estética Relacional, artistas como Rirkrit Tiravanija. Criticados, e preocupação crítica que partilho, por trazerem para os museus tácticas activistas e sociais e até mesmo situacionistas, domesticando-as, estétizando-as. Acabo por criar uma situação semelhante. Poderia dizer a ficha técnica à maneira desta estética: instalação com (todos os objectos nomeados) e pessoas. Perante um convite que aceitei para intervir no contexto da colecção e arquitectura do Museu dos Biscainhos, não poderia fazer outra coisa senão habita-lo, contudo não creio que me insira nesta estética.

Sunday, July 8, 2007



mais ainda so stitch 'n bitch - Braga

Wednesday, July 4, 2007


Poucos passaram por lá, mas houve um dia com cerejas... ah, pois!

Monday, June 18, 2007

Passou tão rápido, nem dei por nada ... dia 16 de Junho, chovia torrencialmente (para Junho :-)) cheguei a Braga já atrasada com os meus primos Fernando e Dianinha, preparar o chá, ver que me esqueci do I-pod... mas a Diana tinha o seu leitor de mp3, assim ouvimos as novidades da musica de dança do universo adolescente, fixe!!! reconheci Buraka som sistema, e falamos sobre o dj têsto que eu tinha visto na noite anterior na Ribeira do Porto, sem conhecer de lado nenhum e ela que tanto gostaria de ter visto/ouvido ...

ainda menos visitantes, mas felizmente tivemos mais uma performance de dança no claustro, foi muito bonita novamente, a musica os gestos que vão lembrando coisas do quotidiano...

e da minha sala, qual será o quotidiano semanal, acho que ninguém mexe em nada, é pena, os livros lá estão nos mesmo sítios, as almofadas, tudo, é um museu. Mas estando eu lá não consegui modificar muito... não consegui levar-me à disposição ideal...

Wednesday, June 6, 2007



Tuesday, June 5, 2007


sábado dia 9 de Junho pelas 18:00 na livraria centéssima página em BRAGA

Monday, June 4, 2007



dia 2 de junho 2007
14:00 as 17:00
hm! ando preocupada com o trabalho a fazer para o IMAN em famalicão: assim trouxe o computador para fazer isso mesmo, trabalhar no pequeno vídeo. Assim não foi estranho estar tão só na sala das abelhas... que descubro que é bem agradável de habitar. O joão catalão foi aparecendo para conversar, alguns visitantes e uma massa de turistas espanhóis. assim passariam a tarde as mulheres nobres nos biscainhos? Talvez não fossem tão negligentes em relação aos seus convidados/invasores ... mas tinha mesmo que adiantar trabalho. no próximo sábado será melhor...

Tuesday, May 22, 2007


ARRANCOU... nos biscainhos... aqui ficam imagens de passaros :-)

Saturday, May 12, 2007

on the other hand/sombra-clara
Museu dos Biscainhos – 19 de Maio a 19 de Junho de 2007
Intervenção colectiva – inauguração das 19h às 23h


O Museu dos Biscainhos recebe de 19 de Maio a 19 de Junho a intervenção colectiva de um conjunto heterogéneo de artistas contemporâneos que se integra ao longo de todo o seu percurso expositivo.

Localizado no centro histórico de Braga, o museu é tutelado pelo Instituto dos Museus e da Conservação/Ministério da Cultura e está instalado num palácio setecentista cujas primeiras referências conhecidas são anteriores ao século XVII, tendo vindo a receber sucessivas alterações e ampliações ao longo dos séculos seguintes. É particularmente relevante no imóvel a convivência harmoniosa entre as influências barroca e neoclássica e o enquadramento desse conjunto arquitectónico com um magnífico e convidativo jardim que se desdobra em terraços distintos e surpreende os visitantes quando o descobrem em pleno coração da cidade.

O objectivo orientador deste projecto foi tornar perceptível a multiplicidade de projecções e interligações históricas e pessoais associadas aos cenários e objectos propostos pela exposição permanente. Uma invisibilidade reforçada pelo facto desta apresentação contextualizada reunir objectos e colecções com origem diversa e exterior à ocupação original do edifício.

A exposição inaugura no dia 19 de Maio, das 19h às 23h, no âmbito da “Noite nos Museus”, uma iniciativa do Ministério da Cultura da França adoptada por Portugal desde 2002. O evento conta com a participação da Arte Total (dança contemporânea), Audiência Zero / Sem Palco (performance que se realiza também no dia 26 de Maio à tarde), Space Ensemble (música instrumental improvisada), Ana Taboada (taças tibetanas), Franklin Pereira (cítara indiana) e a Cor de Tangerina/Comércio Justo. A artista Carla Cruz, tomando como referência o cenário de recolhimento feminino da época sugerido pela sala do estrado, estará a habitar um aposento do museu e a receber convidados todos os sábados durante o período de realização da exposição (excepto no dia 26 de Maio).

Realizam-se também aos sábados às 15h visitas guiadas à exposição (26 de Maio e 2, 9 e 16 de Junho).

Participam neste projecto os seguintes artistas: Adelina Lopes, Adriano Faria, Ana Caldas, Ana Pascoal, Bento Duarte, Carla Cruz, Carlos Fortes, Carla Mendes, Franklin Pereira, Helena Cordeiro, Helena Santos, Hugo Calçada, Iva Dias, Inês Ferreira, Joana de Deus, Joana Pinheiro, João Foldenfjord, João Noutel, Manuela São Simão (+ Sem Palco), Micaela Amaral, Miguel Meira, Paulo Neves, Paulo Nogueira, Ricardo Fiúza, Rita Carvalho, Sofia de Carvalho, Teixeira Barbosa, Teresa Luzio, Vânia Kosta e Valter Hugo Mãe.

Tuesday, May 8, 2007

Monday, May 7, 2007

dia 19 de Maio no Museu dos Biscainhos Braga

on the other hand/sombra-clara


A exposição permanente do Museu dos Biscainhos reúne, numa apresentação contextualizada que mimetiza o formato de uma casa-museu e que procura ser representativa do que seria a decoração interior de uma residência senhorial barroca dos séculos XVII e XVIII, objectos e colecções com origem diversa e exterior à ocupação original do edifício (adquirido vazio para a criação do actual museu em 1963). A multiplicidade de projecções históricas e pessoais associadas aos cenários e objectos propostos é assim reforçada de uma forma não intencional, embora esse efeito indirecto seja, de um modo geral, um aspecto expositivo irrelevante e pouco perceptível ao visitante. O objectivo deste projecto é convocar um outro olhar (literalmente “on the other hand”, o que justifica a não tradução do título) sobre essa elasticidade/invisibilidade de fundo emanada pelo museu (visto aqui, em referência às origens desse tipo de instituição, como um antigo “gabinete de curiosidades” actualizado como gabinete de elasticidades), relacionando-a com a vivência humana enquanto co-geradora voluntária e involuntária de uma persistência em grande parte invisível que se prolonga, acumula e interliga a longo espaço ao meio envolvente e às gerações futuras (ou quem sabe, potenciais próximas, para abranger igualmente uma possível coexistência de dimensões ou a hipotética ilusão desta em que vivemos). Uma persistência intangível e integradora, simultaneamente concreta e abstracta (e transversal ao conhecimento cientifico, à subjectividade e aos domínios do simbólico e da transcendência), que é aqui denominada sombra-clara (incorporando desse modo também uma vertente de co-responsabilidade individual e colectiva face à mesma) em analogia à natureza desconhecida e não detectável da matéria negra, cuja existência como “esqueleto gravitacional” é, no presente, uma dedução necessária da ciência para explicar a estabilidade e a sincronicidade de expansão do universo. E realçar assim a pertinência e a importância estruturantes que a consciência ética e holística desta ubiquidade de presença e interrelação pode assumir na promoção de uma maior proximidade e continuidade com o todo envolvente e consequentemente, na construção de um desenvolvimento mais afectivo e sustentável na diversidade.

João Acciaioli Catalão


on the other hand / sombra-clara

Se é verdade que na natureza tudo conspira, é natural que conspire também tudo quanto de intangível se nos depara, modelando ou traçando a vida. Sabemos das coisas as suas relações imediatas com as pessoas que as produziram, com as pessoas que as utilizaram, mas isso não basta, as coisas podem confluir para uma relação menos apreensível e que se traça a partir dos meandros inescapáveis da coincidência, que será um outro modo de dizer a vontade nem sempre entendida que a natureza tem sobre todas as coisas do mundo.
Se a natureza tem vontade sobre todas as coisas do mundo, o mais que fazemos é acender pequenas luzes que possam, aqui e acolá, deixar ver o que não estava a ser visto. Trazer para a claridade uma conexão entre cada ponto que possa, num dado momento, revelar presenças ao nosso espírito como antes não acontecia.
O Museu dos Biscainhos, detentor de uma colecção de objectos outrora desconexa, é o exemplo acabado da confluência de coisas que se tinham desligadas entre si e que, por aquela coincidência importante, que pode ser na verdade a vontade da natureza, revela relações preciosas que surgem ao nosso espírito e trazem à consciência o quanto nos escapa da regência natural das coisas.
Para pensar ou propor novas relações, a exposição que ora se apresenta busca habitar o Museu dos Biscainhos como intromissão pacífica no seu estado mais habitual e, porque tudo está em devir, muito do que se expõe temporariamente poderá apontar para pormenores da sua identidade que até agora se deixaram invisíveis. Para trazer ao de cima a identidade estranha que regula o somatório das peças que compõem o Museu, cada artista intervém do modo como o espaço, concebido nessa totalidade, lhe sugeriu intervir. Em prol de uma noção de museu vivo, onde cada coisa está à espera de ser completada uma e outra vez sem fim, numa espantosa pesquisa do extenso lastro das coisas, da elasticidade da sua existência e do tanto que ela pode implicar e vir a implicar.

valter hugo mãe